Escritórios: faria limers já pagam aluguel mais caro do que no pré-pandemia

Só 5,07% dos escritórios existentes estão disponíveis para locação

Principal região de escritórios do país, a Faria Lima está com ocupação de edifícios corporativos num patamar superior à de antes da pandemia, com um forte movimento de alta dos preços dos aluguéis cobrados.

Só 5,07% dos escritórios existentes estão disponíveis para locação. No primeiro trimestre de 2020, o último de normalidade antes das medidas de isolamento, a taxa era de 8,22%. Especialistas do setor consideram 15% de vacância um ponto regular de equilíbrio entre oferta e demanda no mercado de lajes corporativas.

Os dados foram compilados pela plataforma Market Analytics, da SiiLA, uma empresa de análise de dados do mercado imobiliário na América Latina, a pedido do UOL. Geograficamente, o “condado” – como a Faria Lima é chamada por seus frequentadores – é um retângulo de 450 mil metros quadrados na zona oeste de São Paulo entre a Rebouças e a rua Elvira (depois da JK).

Nesta área equivalente a um terço do parque do Ibirapuera, há um conjunto de edifícios de alto padrão com 465 mil m² de área locável, onde está concentrada a nata do capitalismo brasileiro – bancos e gestoras, a big tech (Meta, Google) e alguns pesos-pesados da B3.

No último trimestre de 2022, o preço pedido pela locação dos prédios A+ da região estava, em média, R$ 202/m²; no primeiro trimestre de 2022, o preço pedido na região era de R$ 175/m².

Diferentemente de outras áreas de São Paulo, o preço pedido na Faria Lima tende a se aproximar mais da realidade dos contratos porque a baixa oferta desequilibra a balança em favor dos donos dos imóveis.

“A realidade do mercado imobiliário da Faria Lima é o oposto do que se está vivendo no resto do país. É como uma Disneyworld onde não tem notícia ruim. A Berrini, por exemplo, tem uma realidade mais parecida com a do resto do país”, explica Giancarlo Nicastro, CEO da SiiLA, em entrevista à coluna.

Para efeito de comparação, a média de vacância da cidade de São Paulo é de 21,57%; prédios corporativos na região de Santo Amaro fecharam o ano passado com desocupação de 49%.

Na Berrini, na zona sul de São Paulo, a curva de vacância também está em queda. A taxa de vacância, que chegou a 23% durante a pandemia, fechou em 19,37%, segundo a SiiLA, e o preço pedido em R$ 101/m² – antes da pandemia, o valor pedido era, em média, R$ 85/m².

Lá, contudo, o preço pedido não se reflete nos contratos efetivamente porque é comum que locatários consigam descontos de até 30% em relação ao pedido pelos donos de prédios de escritórios. Segundo Nicastro, há contratos fechados entre R$ 70 e R$ 80 o metro quadrado.

Entre os principais players que montaram operações corporativas em torres de escritórios na Berrini estão a Atlas Energia, a chinesa Shopee e a francesa Sephora.

Ao contrário do que sugere o senso comum, não é a Berrini a alternativa mais intuitiva a quem gostaria de alugar escritórios no padrão Faria Lima, segundo Nicastro, mas a região da Chucri Zaidan, mais ao sul. Ali estão concentrados alguns dos principais novos empreendimentos de alto padrão de São Paulo.

Ali, o preço pedido é em torno de R$ 102 por metro quadrado, mas a taxa de vacância de 32% é uma porta aberta para a pechincha na negociação com os locadores.

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