Com queda da Taxa Selic, financiamentos imobiliários da Caixa devem destravar

Famílias têm esperado meses para conseguir um financiamento imobiliário na Caixa Econômica Federal. Os saques recordes da caderneta de poupança têm travado a liberação de recursos. A expectativa é de que o quadro mude com a queda da taxa básica de juros

O contador Willian Costa e a noiva guardam dinheiro para morar juntos desde 2014. Eles deram entrada em um apartamento na planta em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, em fevereiro de 2021. O resto do valor, eles financiaram pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo da Caixa Econômica Federal – o SBPE.

O financiamento foi pré-aprovado em março deste ano. E o apartamento liberado para morar em junho. Segundo informações da agência da Caixa para eles, o contrato deveria estar pronto para se mudar em cerca de 15 a 20 dias. Mas até agora, o banco não liberou o recurso para a construtora para que eles possam pegar a chave da tão sonhada casa própria.

A oferta de verba para financiamento SBPE caiu 10% no primeiro semestre de 2023 em relação a primeira metade do ano passado. O número de unidades financiadas também caiu 26%.

Os dados são da Abecip, a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança. A Caixa participa da entidade. Os números ilustram a dificuldade para se conseguir verba para financiamentos.

O cenário está ligado à queda de recursos disponíveis na Caderneta de Poupança. O dinheiro guardado na poupança vem caindo desde 2020 por causa do ciclo de alta que atingia a taxa básica de juros. A verba caiu 5% no primeiro semestre em comparação com o começo de 2022.

O presidente da Abecip, José Ramos Rocha Neto, mostra otimismo com esse tipo de financiamento, mas aponta ser necessário diversificar as fontes de recursos para pagar habitações.

O presidente executivo do sindicato do setor imobiliário de São Paulo, Ely Wertheim, afirma que a falta de recursos do SBPE já foi normalizada. Com o corte da taxa Selic, agora em agosto, a Poupança voltou a ser mais atrativa para os investidores. Com isso, os recursos disponíveis para financiar moradias devem voltar crescer.

Mas, o presidente do Secovi explica que um problema técnico na Caixa ainda deve atrasar a liberação dos contratos de moradia até o final de agosto.

A Caixa afirmou que as linhas de crédito estão funcionando dentro da normalidade. Segundo a Caixa, houve um aumento na demanda por causa da retração da oferta de crédito imobiliário dos demais bancos.

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